De acordo com Paulo Henrique Silva Maia, doutor em saúde coletiva pela UFMG, o acesso igualitário aos serviços de saúde é um dos principais desafios enfrentados pelas sociedades contemporâneas. Em países com grandes desigualdades sociais e regionais, garantir que todos tenham as mesmas oportunidades de atendimento de qualidade ainda é uma meta distante. A equidade no sistema de saúde depende não somente de políticas públicas eficazes, mas também de uma gestão comprometida e sensível às realidades locais.
Neste artigo, abordamos os principais obstáculos que dificultam o acesso universal à saúde e apresentamos soluções viáveis para promover uma assistência mais justa e eficiente.
Quais são os principais desafios no acesso à saúde?
A falta de equidade na saúde está diretamente ligada a fatores econômicos, geográficos, culturais e estruturais. A seguir, destacamos os principais entraves:
Desigualdade geográfica
Em muitas regiões, especialmente nas áreas rurais e periferias urbanas, há escassez de unidades de saúde, profissionais qualificados e infraestrutura adequada. A distância entre o domicílio do paciente e o serviço de saúde representa um obstáculo relevante.
Barreiras socioeconômicas
Baixa renda, desemprego e ausência de transporte público dificultam o acesso aos serviços básicos. Pessoas em situação de vulnerabilidade tendem a postergar ou abandonar tratamentos por não conseguirem arcar com os custos indiretos da assistência.
Falta de integração dos serviços
A fragmentação dos serviços de saúde compromete a continuidade do cuidado. Quando não há comunicação entre os níveis de atenção (primária, secundária e terciária), o paciente se perde no sistema, gerando demora no diagnóstico e falhas no tratamento.
Paulo Henrique Silva Maia reforça que enfrentar esses desafios exige mais do que aumentar a oferta: é preciso garantir acesso com qualidade, acolhimento e respeito às especificidades de cada grupo populacional.

Quais são as soluções para promover equidade no sistema de saúde?
Superar as desigualdades no acesso à saúde é um processo complexo, mas possível. A seguir, elencamos medidas que, se aplicadas de forma integrada, podem transformar a realidade de milhões de pessoas:
Fortalecimento da Atenção Primária
A estruturação da Atenção Primária à Saúde (APS) como porta de entrada do sistema é fundamental. Unidades básicas bem equipadas, com equipes multiprofissionais e vínculo com a comunidade, facilitam o acesso e resolvem grande parte das demandas de forma preventiva.
Uso de tecnologia e telessaúde
A expansão da telemedicina e dos serviços de telessaúde permite levar atendimento especializado a regiões remotas, reduzindo deslocamentos e filas. De acordo com Paulo Henrique Silva Maia, a tecnologia deve ser vista como aliada da equidade, desde que acompanhada de inclusão digital.
Educação em saúde e letramento informacional
Capacitar a população para entender melhor como funciona o sistema de saúde e os seus direitos é essencial. Cidadãos bem informados buscam serviços de forma mais autônoma, prevenindo doenças e exigindo seus direitos.
Políticas públicas inclusivas
A formulação de políticas específicas para populações vulneráveis garante a oferta de serviços adaptados às suas necessidades. É importante promover campanhas contra o preconceito e capacitar profissionais para o atendimento com enfoque na diversidade.
Gestão baseada em evidências
A análise de dados epidemiológicos, sociais e territoriais permite a criação de estratégias mais eficientes e alocação inteligente de recursos. Conforme destaca Paulo Henrique Silva Maia, a boa gestão é um instrumento poderoso para reduzir desigualdades e aumentar o impacto das ações em saúde.
Qual o papel das instituições e profissionais nesse cenário?
Instituições privadas, universidades, organizações sociais e profissionais da saúde desempenham papel estratégico na transformação do sistema. A atuação conjunta em redes de colaboração, programas de extensão comunitária e parcerias público-privadas pode gerar soluções inovadoras e sustentáveis. Paulo Henrique Silva Maia frisa que é necessário romper com modelos excludentes e verticalizados de assistência, priorizando escuta ativa, participação social e autonomia do usuário.
Autor: Joseph Lemes